
Somos os dois tão carentes,tu e eu,que não conhecemos outra forma de atravessar a vida sem procurar desesperadamente tábuas de salvação afectivas.
As mais evidentes são as pessoas com quem nos relacionamos de forma amorosa.Depois vêm os amigos e por fim as nossas famílias,que tanto trabalho nos deram durante a infância e adolescência,e que, de certa forma,criaram e alimentaram as fraquezas que escondemos do mundo,mas não de nós própios...
Amar sem esperar reciprocidade é uma doença silenciosa e traiçoeira como o cancro;quando damos por isso,o mal causado já se espalhou de tal forma que não é possível escapar.Eu escapei.Escapei ao fim de...longos anos de calvário auto-infligido...tu foste a minha última miragem,o derradeiro de todos os cavaleiros andantes,porventura o mais belo,constrúido pela minha paixão obstinada em perseguir um ideal,e seguramente o mais fraco quando,por fim,te consegui ver sem ser em cima do cavalo... Estes e outros raciocínios do mesmo tipo denotam uma índole insegura e profundamente egoísta.
Nunca sabes o que queres e vives tão perdido nas tuas díuvidas que nem sequer consegues perceber o mal que podes inflingir aos outros.
A tua natureza fugidia e arisca não é a tua primeira natureza,antes uma reacção á realidade que te confrontaste. Nunca te habituaste a dar.
Quis tanto que tu me amasses...não se pode querer isso dos outros,é uma violência para eles e para nós própios.Uma violência e um disparate.
Tu foste a minha grande aposta e a minha maior decepção.
Margarida Rebelo de Pinto in "O dia em que te esqueci"
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